Mulheres de centrais sindicais, movimentos e organizações da sociedade civil fizeram nesta quarta-feira (8) uma manifestação no Centro do Rio de Janeiro pelo Dia Internacional da Mulher. O ato, chamado de 8M, em referência à data histórica, levantou diferentes pautas relacionadas aos direitos das mulheres, como o fim do feminicídio, igualdade de emprego e renda, legalização do aborto, escolas e creches gratuitas e políticas para combater a fome. A concentração aconteceu em frente à igreja da Candelária no fim da tarde, de onde todas seguiram em marcha até a Cinelândia.
Um dos destaques nos cartazes e gritos de protesto foram as homenagens à vereadora Marielle Franco. No próximo dia 14, completam cinco anos do assassinato dela e do motorista Anderson Gomes. As mulheres lembraram a atuação da vereadora em defesa das pautas feministas, antirracistas e dos direitos dos grupos LGBTQIA+. Além de cobrarem uma solução para o crime, destacaram a importância de celebrar a memória de Marielle, que virou inspiração para que as mulheres ocupem mais espaços de poder.
“A gente não fala mais de 8 de Março sem falar de 14 de Março. O meu último encontro com Marielle Franco foi no dia 8 de Março, nas ruas, lá em 2018. E depois veio aquela trágica notícia da morte dela, do assassinato político. A gente já aprendeu que precisa trabalhar todo mundo junto para que as mulheres participem da política com qualidade. Isso é honrar também o legado de Marielle”, disse a vereadora Thais Ferreira (Psol).
Mulheres fazem passeata no Dia Internacional da Mulher – 8M, por direitos e contra a violência e o feminicídio, no centro da cidade. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil – Fernando Frazão/Agência Brasil
Como expressão de uma luta histórica, o ato reuniu mulheres de diferentes idades. A funcionária pública Maria Teresa Silveira, de 72 anos, participa há décadas do 8 de março. E a preocupação é tanto garantir a manutenção dos direitos conquistados como brigar para que as próximas gerações tenham uma sociedade ainda mais igualitária.
“As mulheres que trabalham nas favelas, nos sindicatos, nas universidades vêm lutando para que a gente conquiste coisas melhores na vida. Nossas crianças estão aí, sem escola, sem aula, sem professores, sem merenda, porque o governo anterior tirou tudo da gente. Nós precisamos investir na educação e continuar na luta”.
Cristiane Malungo, pedagoga de 50 anos, celebrou a diversidade da manifestação e destacou a necessidade de continuar nas ruas para estimular mais mulheres a participar dos coletivos feministas.
“Estar aqui de novo, nas ruas, com mulheres tão diversas, pretas, brancas, da classe trabalhadora, dos sindicatos e universidades. Significa que a gente nunca parou. A gente sempre foi resistência. E o ato público faz com que as nossas pautas e reivindicações também possam tomar as ruas e os ouvidos de tantas mulheres. Algumas que estão passando de ônibus aqui, que sofrem essas dores, mas que talvez não tenham ainda a dimensão do que é a luta feminista”.