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Pessoas com síndrome de Down buscam quebrar preconceitos e inclusão


Desfazer os mitos relacionados à síndrome de Down e usar a linguagem correta para falar sobre as pessoas com a condição genética. Esse é o sonho da influenciadora digital Vitória Mesquita, de apenas 22 anos, também conhecida nas redes sociais como Viti. Modelo, artista, fotógrafa, skatista, Viti tem a síndrome e foi uma das participantes do seminário “Protagonismo e Dignidade das Pessoas com Síndrome de Down no Brasil”, realizado, em Brasília, pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).

Viti é co-autora do livro Atualiza Síndrome de Down, junto com o educador social Alex Duarte, no qual trata dos principais conceitos da síndrome. Durante a pandemia, ela criou um perfil nas redes sociais com o objetivo de desmistificar a condição genética de um jeito alegre, criativo e divertido. Em menos de dois anos, conquistou milhares de seguidores, deu entrevistas para veículos de comunicação do Brasil e do exterior, além de ser a responsável pela campanha #ATUALIZAGOOGLE, que fez com que a gigante de tecnologia alterasse as definições da síndrome como uma condição genética, e não uma doença. 

Outra protagonista do evento foi Fernanda Honorato, primeira repórter com Síndrome de Down do Brasil. Em uma entrevista bem-humorada com o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Sílvio Almeida,  perguntou como ele se sente sendo entrevistado por uma pessoa com Down. O ministro declarou que estava feliz em poder falar com pessoas que podem fazer tudo aquilo que desejam, independentemente de sua condição.

Quando questionado sobre os desafios de ser ministro dos Direitos Humanos, Almeida respondeu que a maior dificuldade é construir uma política nacional que dê conta das enormes necessidades e demandas que o país enfrenta. “O Brasil é um país que historicamente dá espaço para a violação dos direitos humanos, é um país que não acolhe grupos vulneráveis, que falha muito com seu povo. E na condição de ministro meu objetivo é dar continuidade ao trabalho de muitas pessoas que me antecederam e avançar para dar conta dos desafios do nosso tempo”.

Ao final, a repórter perguntou como o ministro avalia a questão da inclusão social das pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Silvio Almeida lembrou que boa parte dos avanços são resultado da mobilização da sociedade civil. “Os vários grupos que aqui estão, conversando entre si, militando, fazendo gestões junto ao Poder público, conseguiram abrir espaço pra que hoje exista uma Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência”, explicou.

Políticas públicas

O deputado federal Marcio Honaiser (PDT-MA), que integra a Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Câmara dos Deputados, participou do seminário e ressaltou as potencialidades das pessoas com Down, além de garantir que, nessa legislatura, a bancada vai trabalhar para dar mais oportunidades e valorização, inclusive com propostas de incentivos a empresas que adotarem ações de inclusão. “Vamos quebrar preconceitos, dar visibilidade, mostrar que isso não é uma doença, e que eles têm toda condição e autonomia para lutar pelos seus sonhos”, disse, emocionado.

Nesse contexto, o ministro Silvio Almeida destacou que a Câmara dos Deputados tem o dever de facilitar esse diálogo com a sociedade civil e reconheceu que existem uma série de barreiras, tanto no sistema político quanto no jurídico, para garantir a promoção de direitos das pessoas com síndrome de Down, especialmente nas áreas da saúde e da educação. “Devido a essas barreiras, muitas pessoas com deficiência estão ausentes dos espaços públicos, da participação social, da tomada de decisões na arena política. É inaceitável que uma pessoa com deficiência psicossocial tenha a sua condição ignorada por agentes do Estado e que, por sua condição, receba tratamentos tão desumanos”.

O ministro afirmou que o governo tem o compromisso de consolidar um sistema democrático de direitos que garanta o convívio comunitário, seja nas escolas regulares, no serviço de reabilitação, na estimulação precoce, na atenção básica à saúde, na produção cultural e no acesso aos demais direitos. “Afinal, a inclusão democratiza, gera aprendizagem, amplia horizontes, promove desenvolvimento socioeconômico e diminui desigualdades”, disse. 



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