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Vereadores denunciam perda de restos mortais em cemitérios de SP


Vereadores da capital paulista denunciaram casos de perda de restos mortais por cemitérios administrados pelo Grupo Maya. Em reunião extraordinária na Câmara Municipal de São Paulo, nesta quarta-feira (13), o representante da concessionária prestou informações sobre as unidades sob sua gestão: Campo Grande, Lageado, Lapa, Parelheiros e Saudade.

Autor dos requerimentos que levaram também representante da concessionária Consolare e da SP Regula a reuniões na casa, o vereador Rubinho Nunes (UNIÃO) relatou que há diversas reclamações relacionadas aos cemitérios municipais. Entre elas, denúncias de cobrança de preços abusivos para realização de velórios e enterros, baixa qualidade de manutenção e administração das unidades e má prestação de serviços funerários.

O diretor-presidente do Grupo Maya, Ricardo Gontijo, informou que foram gastos, até o momento, R$ 192,5 milhões nos cemitérios geridos pela concessionária. Foram R$ 154 milhões pela concessão, R$ 15 milhões em investimentos diretos e R$ 23 milhões para manutenção, conservação, infraestrutura, construção de gavetas, equipes e segurança. A empresa tem até 2027 para finalizar todos os investimentos previstos em contrato.

Ainda segundo Gontijo, em um ano e oito meses de concessão, foram emitidos 63 autos de infração e quatro multas foram pagas, num valor total de R$ 2 mil. Questionado por Nunes sobre o cumprimento das exigências da concessão, o diretor afirmou que a empresa cumpre “todas as obrigações contratuais”, incluindo a fixação dos preços nos cemitérios e no site.

Os vereadores apresentaram denúncias de que o Grupo Maya estaria praticando valores acima da tabela de preços para os serviços funerários na capital, o que foi negado pelo diretor-presidente. “Eu não tenho conhecimento de denúncias [quanto ao Grupo Maya praticando preços] que extrapolam a tabela”, disse Gontijo.

Perda de restos mortais

Uma denúncia relatada pelo vereador Adriano Santos (PT) aconteceu no cemitério da Saudade. “A dona Zilda investiu R$ 23 mil para reformar um jazigo lá no cemitério e fez a exumação de cinco corpos. Quando retornou, todos tinham desaparecido. Tem quatro meses que ela está à procura de dois corpos”, contou. “Eu queria que o senhor respondesse quando ela vai ter a notícia de onde estão os [outros] familiares dela”, solicitou o vereador.

“Eu não tenho conhecimento do caso específico, nós faremos o maior esforço para encontrar essas ossadas”, respondeu o diretor-presidente do Grupo Maya. Ele acrescentou, no entanto, que as exumações realizadas pela concessionária “seguem os mais rígidos parâmetros”.

A vereadora Silvia da Bancada Feminista (Psol) apresentou o caso de uma exumação compulsória em julho de 2023, em que restos mortais também foram perdidos. “Como vocês fazem a exumação compulsória e depois perdem, não sabem onde estão esses restos mortais? Simplesmente desapareceu”, disse. O caso é de um pai que está à espera dos restos mortais da filha.

Outros casos semelhantes, também com perda de restos mortais, foram trazidos pelos vereadores Rubinho Nunes e Sonaira Fernandes. “Me comprometo a cada um desses casos que essa distinta comissão trouxe que nós façamos análise um a um e façamos, de fato, também a solução desses casos”, respondeu o diretor-presidente do Grupo Maya. Questionado sobre penalizações, ele informou que a concessionária não foi autuada pela SP Regula pela perda de corpos nos cemitérios geridos pela empresa.

Qualidade dos serviços

Rubinho Nunes solicitou autoavaliação sobre a qualidade dos serviços prestados pelo Grupo Maya, em uma escala de péssimo a ótimo. “Considerando um ano e oito meses de atuação, cuidando de cemitérios centenários que estavam em altíssimo grau de abandono, e todos os investimentos que nós já fizemos, eu considero que nossa nota é regular”, disse o diretor-presidente. Ele acrescentou que a concessionária está “caminhando para a excelência, até 2027 teremos todos os investimentos feitos, cumprindo nosso contrato regiamente.”

Na segunda-feira (11), a reunião teve a presença de João Manoel da Costa Neto, diretor-presidente da SP Regula – agência reguladora responsável pela fiscalização das concessões. Ele avaliou a situação dos cemitérios municipais como “regular”, numa escala de ótima a péssima. A SP Regula registrou, até o momento, um total de 141 autos de infração, que resultaram em 22 multas.

No dia seguinte (12), o diretor-presidente da Consolare, Mauricio Costa, informou que as 21 notificações à concessionária se tratam, na maioria, de problemas relacionados à zeladoria, a extintores e aos valores cobrados. Do total de notificações, quatro se converteram em multas.  Ele avaliou como “bom, caminhando para ótimo” a qualidade das unidades geridas pela Consolare. São elas: Consolação, Quarta Parada, Santana, Tremembé, Vila Mariana e Vila Formosa I e II.



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