Em 2020, o Palmeiras, de Abel Ferreira, iniciava a temporada com uma tríplice-coroa: campeão paulista, da Copa do Brasil e da Copa Libertadores. Mas, frustrando a expectativa dos torcedores, perdeu a Supercopa do Brasil para o Flamengo e a Recopa Sul-Americana para o Defensa Y Justicia (Argentina). No início do Brasileirão, o técnico confessava esperar o bilhete de demissão, e a pressão da torcida era grande para que isto acontecesse.
A paciência e a insistência dos dirigentes fizeram com que, agora, em 2023, Abel seja um dos técnicos mais vitoriosos da história do Palmeiras, colecionando taças.
Essa curta história pode servir de exemplo para todos os demais clubes, aqui do Brasil, que têm confiança no trabalho de seus treinadores. Não podem se dobrar a pressões cada vez maiores vindas das redes sociais (principalmente) por causa de algum mau resultado, em especial num início de trabalho. Lembram do Luiz Castro, no Botafogo?
Agora o mesmo acontece com o Vitor Pereira, no Flamengo. O português assumiu o Rubro-Negro com a pressão de substituir o vitorioso Dorival Júnior e com a responsabilidade de disputar três títulos importantes: a Supercopa do Brasil contra o Palmeiras, seu grande rival no momento, a Recopa Sul-Americana e o maior deles, o Mundial de Clubes, quem sabe contra o Real Madrid (Espanha).
São desafios que não vão balizar o restante da temporada, como as derrotas do Palmeiras em 2021 também não foram. Se Vitor Pereira terá o mesmo sucesso de Abel Ferreira, não temos como saber, mas é certo que competência, e time, ele tem para isso. A Supercopa demonstrou essa condição. Mas a passionalidade do torcedor rubro-negro transformou uma derrota em crise, sem levar em consideração o início do trabalho, as mudanças na equipe e a qualidade do adversário.
Na última coluna questionei que rivalidade vai falar mais alto este ano: se alguma estadual ou uma nacional. E, ao que parece, a resposta já começou a ser dada no último sábado (28).
* Sergio du Bocage é apresentador do programa No Mundo da Bola, da TV Brasil.