Das 85 mil mortes intencionais de meninas ou adultas registradas em 2023, seis em cada dez ocorrem no círculo familiar, indica a ONU
Uma mulher é assassinada a cada 10 minutos por um parceiro ou um membro da própria família em todo o mundo. Ao todo, 85 mil mulheres e meninas foram mortas intencionalmente no ano passado, número que representa o tamanho da atual “epidemia de feminicídios”.
Os dados constam da pesquisa “Feminicídios em 2023: Estimativas globais de feminicídios de parceiros íntimos/familiares”, divulgada pela ONU (Organização das Nações Unidas) nesta segunda-feira (25), quando se comemora o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.
Houve aumento do número de feminicídios no ambiente familiar. Em 2022, houve 48,8 mil assassinatos de mulheres pela simples razão de gênero em casa. No ano passado, 51 mil ocorreram no círculo familiar (60% do total). Significa dizer que 140 meninas e mulheres foram mortas por dia no último ano.
Para a ONU, feminicídio representa a manifestação mais radical baseada em gênero contra mulheres e meninas. Por norma, diz a entidade, os assassinatos não são incidentes isolados, mas o ápice de formas preexistentes de violência de gênero que afetam todas as regiões e países do mundo.
As principais razões estão enraizadas em normas e estereótipos sociais que consideram as mulheres subordinadas aos homens, bem como na discriminação contra mulheres e meninas, na desigualdade e nas relações de poder desiguais entre mulheres e homens na sociedade.
Feminicídios pelo mundo
Em números absolutos, o continente africano é o local com mais casos de feminicídio, com 21,7 mil no ano passado. Em seguida, aparecem a Ásia, com 18,5 mil mortes, e Américas do Norte, Sul e Central, com 8.300. Por fim, Europa e Oceania registraram 2.300 e 300 mortes intencionais de mulheres em 2023, respectivamente.
A África também lidera o ranking dos crimes cometidos por parceiros ou parentes a cada 100 mil habitantes, com 2,9 vítimas. Porém, neste contexto, as Américas ocupam o segundo lugar, com 1,6 mortes, e a Oceania a terceira colocação, com 1,5 mortes.
O estudo ressalta que existem outras formas de feminicídio. Na França, entre 2019 e 2022, 79% dos assassinatos foram cometidos no ambiente familiar, contudo, outros 5% aconteceram por outras razões, que não foram especificadas pela ONU.
Com base nos dados disponíveis, na Ásia, Oceania e África, a maior probabilidade é de que a vítima seja assassinada por um parente. Entretanto, em 2023, 63% das mortes que aconteceram na Europa e 58% dos crimes nas Américas, foram cometidos pelos parceiros íntimos.
Fonte: R7