Outro ponto que merece atenção é a obrigatoriedade de contratação de energia eólica do Rio Grande Sul. Essas eólicas não são aquelas antigas, me diz um especialista, mas outras sequer foram construídas, mas já se criou a exigência.
O Congresso manteve ainda a contratação das pequenas centrais hidrelétricas (PCH), que é a medida mais cara de todas, representará um custo extra de R$ 140 bilhões até 2045. A construção de pequenas centrais hidrelétricas parecia uma ótima ideia a princípio, mas o que se viu ao longo do tempo é que há um grande impacto ambiental e em comunidades indígenas, ribeirinhas, quilombolas, o que exige indenizações.
As PCHs perderam a competitividade, o custo por quilowatt é muito mais caro do que das energias eólica e solar. E qual seria, então, a razão para o Congresso manter esse programa? Lobby é a única resposta. Há empresários que compraram carteira de PCHs ainda não construídas e têm interesse na perpetuação do programa. Para atendê-los, o Congresso criou uma reserva de mercado com a obrigatoriedade de se contratar energias de PCHs apesar do preço e do impacto de novas construções.
Uma fonte especializada no setor de energia me contou que, ao procurar um senador para explicar tecnicamente a incoerência desses projetos e o custo que teriam, o parlamentar o interrompeu com a seguinte alegação: “Não me explique, eu não quero entender. Não me constranja, porque eu já decidi votar a favor”.
E os “jabutis” ainda não acabaram. O Congresso ainda vai discutir a obrigatoriedade de contratação de energia de carvão e de termelétrica a gás, o que atende especificamente a dois lobbies conhecidos na energia, o da JBS e o de Carlos Suarez, ex-OAS. Além de caras, estamos falando energias sujas, o que mostra a incoerência da medida num país que ambiciona liderar a pauta ambiental global. Apesar disso, há uma negociação com o governo para que a contratação dessas energias esteja contemplada num projeto que está sendo preparado pelo Ministério das Minas e Energia.
Os parlamentares tomaram várias decisões absolutamente erradas, criando demanda artificial sobre fontes de energia que ou não existem, ou são caras demais, ou são caras e sujas, e quem vai pagar é o consumidor na conta de luz. E para piorar essa fatura pode subir ainda mais.
Fonte: Globo.com