Em 1991, depois de meses cuidando do filho, que sofrera um grave acidente de moto, Nana Caymmi voltou ao cenário, participando, ao lado do irmão Danilo, de espetáculo realizado no Rio Show Festival (RJ), que reuniu o pai Dorival e Tom Jobim. Ela ainda cantou, com Dorival e Danilo, no Festival Internacional de Jazz de Montreux. O show foi gravado ao vivo e gerou o disco “Família Caymmi em Montreux”.

Nos anos 1990, Nana Caymmi lançou um CD só de boleros, “Bolero” (de 1993, que ela gravou “morrendo de vergonha”, na onde de cantores jovens, como Luis Miguel, e que foi um inesperado sucesso de vendas, com quase 100 mil cópias) e “A noite do meu bem – as canções de Dolores Duran”(1994). Em 1999, Nana foi contemplada com o primeiro disco de ouro de sua carreira, pelas 100 mil cópias vendidas do CD “Resposta ao tempo”.

— No dia em que eu, carioca do Grajaú, vender um milhão de discos, vão vender mais Drummond e Vinicius. Vai ter tumulto em livraria! — ameaçava ela, em 1998, em entrevista ao “Jornal do Brasil”.

Em agosto de 2008, com o falecimento dos pais, Dorival e Stella Maria, num curto intervalo de tempo, Nana chegou a cogitar a possibilidade de deixar a carreira artística, mas no ano seguinte voltou a ser falada por causa do dueto com Erasmo Carlos em “Não se esqueça de mim”, executado com sucesso na novela “Caminho da Índias”. Em 2010, o diretor franco-suíço Georges Gachot lançou um documentário sobre a cantora, “Rio Sonata”.

Distante dos palcos desde 2016, depois de passar por uma cirurgia de remoção de um tumor cancerígeno na parte externa do estômago, a cantora, contudo, não deixou de gravar discos, como “Nana Caymmi canta Tito Madi” (que em 2019 foi indicado ao Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira) e “Nana, Tom, Vinícius” (indicado em 2021 ao Grammy Latino de Álbum do Ano).

— Não pisei na bola no meu repertório, não gravei o que não queria ter gravado, teria feito tudo igual — gabava-se Nana em 2021, ao GLOBO, dizendo no entanto, acreditar que “o povo cancelou o tipo de música” que ela fazia.

“Estou defasada, o canto não é mais uma coisa que se queira ouvir, os meus fãs estão velhos. Com o fracasso do disco, com a queda das gravadoras, com essa música que está sendo tocada no Brasil… Isso não é para mim! Não é que eu tenha me aposentado, me aposentaram.”

Na mesma entrevista, Nana reclamava ter sido “mal interpretada e jogada às trevas” em 2019 por declarações simpáticas a um Jair Bolsonaro ainda em início de governo. Nas redes sociais, alguns se questionavam: era possível cancelar Nana Caymmi e deixar de ouvir os seus discos?

— Se quiser me cancelar, cancela. Não deixei de comer por causa disso. Achei até engraçado, uns iam jogar meus discos fora, outros me quiseram morta — gracejou Nana. — No Brasil, você não pode ter opinião, você é malhado feito Judas. Infelizmente, aqui é gado, tem que ir um cheirando o rabo do outro. A internet deu vazão à frustração, a pessoas sem o menor gabarito que condenam outras à morte.

Por: O Globo

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