A denúncia também afirma que, além de ignorar seu relato, a American Airlines teria negligenciado alertas prévios sobre o comportamento do acusado. Abraham foi preso e denunciado por autoridades federais em março deste ano, em relação a este caso e à suposta agressão a outras três passageiras em voos distintos, segundo o New York Times.

Morgan teria alertado o agente de portão da American Airlines ao desembarcar e, naquele momento, identificou seu agressor. Abraham inclusive teria perguntado por que ela não havia relatado o incidente durante o voo. Morgan respondeu que ficou em silêncio por medo de represálias.

No dia seguinte, a mulher escreveu para a companhia aérea relatando o ocorrido. No entanto, recebeu uma resposta genérica, que prometia um acompanhamento que nunca aconteceu. A ação judicial foi apresentada na semana passada ao Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Norte da Califórnia.

— É difícil descrever o quão traumático é ser tocada assim por um desconhecido, em um avião cheio de gente, em um espaço apertado, sem ter para onde ir. Senti-me exposta e, ao mesmo tempo, completamente invisível — relatou Morgan, residente na Califórnia, em uma entrevista televisiva. — Quando o voo aterrissou e denunciei o que aconteceu, esperava que a American Airlines interviesse e, no mínimo, dissesse que faria mais para proteger outras mulheres. Em vez disso, recebi respostas frias e culpabilização, como se eu tivesse feito algo errado. Essa vergonha ficou comigo.

Por sua vez, Patrick J. Driscoll, advogado do escritório Romanucci & Blandin — que representa a vítima —, declarou:

— O FBI e os passageiros da American Airlines alertaram repetidamente a companhia sobre agressões sexuais em seus voos, e a empresa teve todas as oportunidades de levar esses avisos a sério. Em vez disso, fez vista grossa, deixando os passageiros vulneráveis a 9 mil metros de altura.

Mais de 100 denúncias sobre ataques em aviões

A agressão sexual a bordo de aviões, que geralmente consiste em toques não consentidos, é um crime federal que pode levar os agressores à prisão, segundo informa o FBI em seu site oficial. De acordo com o órgão, em 2024 foram registrados 104 casos desse tipo dentro de aeronaves. “No entanto, o número real de incidentes pode ser maior, já que é possível que muitos não tenham sido denunciados”, alerta o FBI.

Segundo o órgão, as agressões sexuais costumam ocorrer em voos comerciais longos, e os agressores, em geral, são homens. “Eles podem tentar esconder suas ações, por exemplo, usando um cobertor para cobrir a vítima ou aproveitando a escuridão da cabine”, acrescenta.

As vítimas, por sua vez, geralmente são passageiras que viajam sozinhas ou menores desacompanhados, embora a tripulação de voo também possa ser alvo de comportamentos inadequados.

Com frequência, as vítimas estão sentadas em assentos centrais ou próximos à janela no momento do ataque. “É uma espécie de zona fechada, onde um agressor pode atacar com menos testemunhas”, explica um agente do FBI.

“O que alguém deve fazer, caso sofra um ataque durante o voo, é primeiro fazer barulho, causar um alvoroço e exigir que o agressor pare, e em seguida notificar a tripulação o quanto antes, para que, com sorte, seja transferido para outro assento e o ocorrido seja registrado, possibilitando que a tripulação alerte as autoridades em terra para receberem o avião quando ele pousar”, recomendam.

Fonte: Globo.com

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