A companhia diz que vai acessar “dados limitados”. Isso inclui país do usuário, idioma do dispositivo, Canais seguidos pela conta e interações feitas com anúncios exibidos. Se o WhatsApp estiver ligado à Central de Contas da Meta, dados do Facebook e Instagram também poderão ser usados para segmentar a publicidade.
Segundo a Meta, mais de 1,5 bilhão de pessoas usam diariamente a aba Atualizações, em que é possível ver os Status e acessar os Canais, ferramenta em que figuras públicas, governos e marcas podem transmitir informações para seguidores. O espaço fica separado das conversas privadas.
Uma década sem anúncios
Lançado em 2009, o WhatsApp foi comprado pela Meta em 2014. Desde então, o mercado especulava sobre o modelo de monetização que seria adotado no app de mensagens que, em onze anos, se tornou o mais acessado do mundo. Por anos, a empresa evitou exibição de publicidade e apostou na geração de receitas a partir de serviços para empresas, como o WhatsApp Business.
A decisão comunicada hoje representa o movimento mais direto para monetizar o app com a base de 3 bilhões de usuários ativos.
Os cofundadores do WhatsApp, Jan Koum e Brian Acton, sempre se posicionaram contra a presença de publicidade no aplicativo. Após a venda da empresa, Koum afirmou em um blog da própria Meta que os usuários continuariam “sem qualquer anúncio interrompendo a comunicação”.
Na mesma época, Mark Zuckerberg também assegurava que a monetização do app não passaria por anúncios — ao menos “nos próximos anos”. Tanto Koum quanto Acton acabaram deixando a companhia anos depois da aquisição por divergências com a Meta.
Sem a dupla de criadores do WhatsApp, a gigante de redes sociais passou a desenvolver uma espécie de área “pública” no aplicativo. Os Status foram lançados em 2017 para os usuários compartilharem com contatos fotos e vídeos curtos, em formato semelhante ao do Instagram e Snapchat. Já os Canais foram anunciados em 2023, como grandes listas de transmissão.
“Nossa equipe tem discutido nossos planos de desenvolver um modelo de negócio que não interfira nas suas conversas pessoais há anos e acreditamos que a aba Atualizações é o espaço ideal para colocar esses novos recursos em prática”, afirmou a empresa, em comunicado.
Assim como funciona no Facebook e no Instagram, as empresas decidem quanto desejam gastar nos anúncios, que vão precisar seguir as regras de publicidade da companhia e poderão ser programados a partir de uma plataforma de gerenciamento de conteúdo pago.
A empresa ressaltou que “nunca” irá vender ou compartilhar o número de telefone dos usuários com anunciantes. “Suas mensagens pessoais, ligações e os grupos dos quais você participa não serão usados para determinar os anúncios veiculados para você”, enfatizou a big tech.
Canais exclusivos e impulsionados
Além dos anúncios no Status, o WhatsApp também vai liberar a assinatura paga de Canais, o que vai permitir que criadores, marcas e organizações ofereçam atualizações exclusivas para seguidores assinantes, modelo que é usado no Instagram.
Diferente das conversas privadas, os Canais funcionam como listas de transmissão unidirecionais: só o administrador pode publicar mensagens, enquanto os seguidores recebem as atualizações e podem apenas reagir com emojis no conteúdo.
Outra mudança monetizada é a que permite a promoção de Canais dentro do WhatsApp. Isso significa que os administradores poderão impulsionar seus Canais para que eles apareçam em destaque na aba de Atualizações.
A empresa afirma que a maioria dos canais exibidos continuará sendo orgânica, mas os promovidos terão maior visibilidade quando o usuário acessar a área “Explorar”.
Segundo Alice Newton-Rex, vice-presidente de Produto do WhatsApp, o usuário não vai precisar ter os dados de contato de uma empresa no telefone para ver anúncios. Em coletiva de imprensa, ela afirmou que essa será “uma oportunidade para que usuários descubram novos negócios”.
Fonte: Globo.com